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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Areias Do Tempo


A ampulheta media o tempo no seu compasso. Era pesada em cima da grossa madeira da secretária. Os olhos hipnotizados sorviam a sua façanha.

Na mão um livro pendia-lhe e os olhos meio estremunhados denotavam sono. Girou a cabeça para ao lado contrário da secretária e fechou-os. Pela inércia dos movimentos e pelo abandono dos sentidos; o livro caiu no chão de mosaicos claros. Fez pouco estardalhaço e o sono já galopava por sonhos.

Um deserto de areias douradas, onde uma enorme ampulheta parecia tragar e mover por si toda a areia. Trabalho árduo e infindável. O tempo também não tem fim, e somos nós que passamos por ele. Aproximando-se mais da gigantesca ampulheta reparou que não era só a areia que lhe passava, mas vida também. Gentes, animais, natureza. O "gastar" de vidas que se esgotavam e escoavam. Era muito rápido e o movimento nunca parava. Fez-se de noite; o Sol deu lugar à Lua e aos seus raios; tudo continuava. Era fascinante ver tudo aquilo e saber que algures por ali também andava.

Olhou para o deserto e apareceu-lhe algo na visão; parecia um almofariz. O seu cérebro não compreendeu para que serviria. Uma ruga aflorou na sua testa interrogativa. Avançou e então apercebeu-se das funções do objecto. Tornava a areia mais suave, mais macia, mais fina para ser absorvida pela ampulheta. Sabia que tragar todo o deserto demoraria uma eternidade e talvez por isso significasse que as areias corriam mais afoitas ou menos fluídas na ampulheta. Teria isso algo a influenciar as vidas que por ela se escovam; até chegar a sua derradeira viagem? Se calhar seria por isso que as vidas de uns eram tão mais aprazíveis e a de outros muito menos.

O Sol surgio de novo no horizonte e feria-lhe os olhos. Pestanejou por momentos e instintivamente colocou uma mão em frente dos mesmos, para os proteger. Ficou assim mais alguns instantes até os abrir plenamente. Olhou ao redor e lá estava a grossa secretária com a ampulheta que tragava a areia... e as vidas ao seu compasso. Não estava no deserto; mas deitada no pequeno sofá do escritório e reparou então no livro caído no chão. Sentou-se e apanhou-o. A capa dizia, "A Máquina Do Tempo" de H. G. Wells. Deixara-se levar pela fantasia do escritor. Das suas viagens por uma possível Terra futurista. Por o que poderia acontecer à humanidade. Ficou um pouco pensativa sorrindo de seguida. Encolheu os ombros, colocou o livro em cima da secretária, encaminhou-se até à cozinha onde tomou um pequeno almoço de cereais. Era fim de semana e relativamente cedo, o relógio marcava oito e dez da manhã. Olhou para o chão e algo lhe chamou à atenção; o que era aquilo de cor amarela? Baixou-se e por entre os dedos passaram grãos de areia dourados. Abriu muito os olhos e abrindo a porta para a rua, um outro tanto encontrava-se do lado de fora. Sentiu um arrepio, mas não de frio, afinal era Setembro e o tempo ainda estava quente. Beliscou-se e sim, estava acordada. Vislumbrou a rua e do outro lado viu um monte de terra da mesma cor. Parecia que iria haver obras ali. Uma casa iria ser erguida ao lado do velho barracão que permanecia sempre fechado. Nunca soube quem seria o dono daquelas terras; mas agora notava que um rasto de terra, levado pelo vento talvez; vinha de lá até à sua porta e à dos vizinhos do lado. Sorriu novamente e pensou para si. "Ai a tua imaginação. É o que faz em leres e veres filmes do H. G. Wells". Parou de repente e olhou o armazém escuro e aparentemente abandonado. E se, e se por acaso... ali dentro estivesse uma máquina do tempo? E se o dono daquelas terras fosse um cientista visionário? E se ela afinal até estava certa? Abanou a cabeça, girou em direcção à garagem de chave em punho e deu os seus pensamentos por terminados.
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A segunda versão do filme, "A Máquina Do Tempo". Encontrei o filme desde dividido por partes no YouTube. Na verdade, o meu filme favorito é o de 1960. A primeira versão.


O filme de 1960 com Ron Taylor. O meu favorito.


Foto - Retirada da net. Créditos ao seu autor.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Nómada - ¨É Outra Espécie De Amor¨

 

E cheguei ao fim da minha história...


As 836 páginas nunca foram-me enfadonhas. Queria sempre saber os acontecimentos seguintes. Foi daqueles livros que me "agarrou" e não me decepcionou.


O nosso planeta, nós e a invasão de outros seres. A junção do corpo de um lado e a alma do outro. As dualidades, a fusão de ideias e idealismos. Os movimentos estranhos e familiares. As raízes que nascem de um ser belo e puro pelo fascínio do que é ser humano. Podemos ser tão medonhos mas ternos também. As contradições, afinal. A sobrevivência, a capacidade de ser imparcial e visionar o que está correcto ou não. Mesmo que disso surja dano pessoal. Lutar, mesmo quando as forças físicas e mentais estão simplesmente esgotadas. A motivação de "uma espécie de amor", que por ele tudo merece a pena...


Um planeta invadido com a possibilidade de guardar o melhor de duas espécies.


P.S.: Não sei se farão um filme e espero sinceramente que sim. Sei que a data de lançamento do livro foi no dia 10 de Março de 2009, (Coincidência? Não há coincidências). Seja como for deixo um trailer da apresentação do livro.




segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Sonhar Talvez...


Doce ondular que torna a mente dormente. Doce cadenciar que se prende no olhar. Doce cor que anestesia o sentir. Doce e desejada calmia que dos céus fascina e doce aragem que sabores a sal terá, mas que envolve o olfacto.

Olhos fechados, peito cheio de cheiro e de tanto que se cruza na mente. Caminhos ora familiares, outros nem tanto e desconhecidos; agitam por dentro o que por fora tudo contradiz.

O rio segue a sua sina por demais conhecida. Olha as gentes que lhe sorriem, que lhe acenam ou apenas vagueiam em olhares singulares dos seus quereres; das suas vontades; ora os atormentam ou talvez não. Ali, no meio do nada, a petiz embarcação, solitária por natureza mas palco de tantos sentires; resguarda os sonhos, as inquietudes de quem por ela passa e desliza pelo rio acima. Outros há que nunca chegam à outra margem; cuja viagem é mais intimista, mais solitária; perdidos apenas num tempo só seu, pedindo à mente um caminho, uma luz... apenas.

Sonhar talvez...

domingo, 4 de setembro de 2011

Ciclos


Há quem diga que a vida repete-se como um dejá vu. Que de tempo a tempo tudo volta a acontecer. Talvez até seja assim, mas os ciclos esses sim são reais.

Tudo tem um principio, um início e vem o depois e o durante e a continuação. O tempo de duração não se sabe e ciclos há que podem durar toda uma vida; até que esta se extinga.


Algo que acaba abruptamente na nossa vida e que connosco convivia há anos; sem dúvida que é o fim de um ciclo. Um novo irá despontar e porque não um até mais feliz? Há que arregaçar as mangas e não desanimar. A vida prega-nos partidas e deixa-nos tantas vezes desprevenidos. Haja então a coragem para começar de novo e caminhar em frente. Sabemos que não é fácil viver e que para tudo temos que provar que merecemos a conquista, a recompensa, a vitória, a alegria de sairmos vencedores no final. Ter família e amigos de verdade ajuda sempre; porque as forças precisam de ser fomentadas, regadas de estima, carinho e amor. A auto estima é outra das nossas armas; gostar de nós próprios é uma mais valia para nós e para os outros que estimamos.


A vida tem ciclos e se calhar eles fazem mesmo falta na nossa vida. Para a "mexer", dar-lhe cor e vida. Para talvez nos possamos encontrar a nós próprios; porque talvez (quem sabe), estejamos a esquecer de tentar seguir os nossos sonhos e as vontades. Outros caminhos, outras curvas, outras montanhas no horizonte se avizinham e nós iremos calçar botas de montanha; de solas grossas e duras, mas confortáveis no trajecto ao encontro... do novo ciclo.

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