BLOGGER TEMPLATES AND TWITTER BACKGROUNDS »

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Cidade Da Chuva


Céu carregado de cinzento, nuvens que se unem e alongam. Umas gotas muito mais das que molham tolos, começam a verter sobre a cabeça e o corpo. O Sol teima em se recolher do olhar, cansado talvez de tanto brilhar, abriga-se e adormece, longe de nós. Volta, não te vás, vem dar um pouco de cor, brilho e alegria ao dia. Mas acho que não me ouvio e as gotas continuam a cair.

À minha volta tudo é desordem e caos. Uma desordem organizada numa lassidão total  de desarrumação. Olho, procurando forças, arregaçando as mangas (que não tenho, pois estou de t-shirt). Tanto tempo, tantos anos de descuido, de mofo, por entre aqueles materiais ali expostos a céu livre. Tanta gente preguiçosa, descuidada, despreocupada. Tanta falta de braços para empreender a obra, mas também, tanta falta de vontade, de garra das gentes. Queixumes, escapar de mais uma tarefa, fugir para que outro vergue os músculos, solitário na sua tarefa.
Algo roda fazendo barulho atrás de mim. Uma garrafa de litro e meio de água vazia, resolveu dançar para trás e para à frente. Movimentos embalados pelo vento. Até parece uma cidade fantasma, mas ai seriam fenos a passear, como num qualquer filme. Agarro a garrafa e recolho-a ao silêncio. A alguma distância, motores roncam. Os seu donos trabalham e estes carregam fardos pesados nos seus braços.
Eu, estou só comigo mesma, numa inglória tarefa e eis que o Sol surge por alguns instantes. Já não chove e o astro rei mais baixo do que o costume, queima num calor em que julgo estar em algum deserto. Finalmente, nem chove, nem o calor aperta de forma louca. 
Apenas o tempo invernal está a chegar a passos largos. Apenas o que há alguns dias era Sol abrasador, ficou num ápice, em tempo invernoso. Enfim, encolho os ombros e continuo a fazer a minha árdua tarefa na "Cidade da Chuva", nome fictício mas carregado de significado.

Foto

0 comentários: